"As vezes a gente não precisa resolver essa coisa de solidão" | Textos de respiro

Neste fim de semana eu me peguei só. Só no sentido de não ter ninguém por perto além de mim e dos grandes personagens que vivem em meu computador, encontrados em sites de entretenimento e redes sociáveis. Me via só, e senti uma dor imensa. 

Em um curto período de tempo percebi que estava falando sozinha em voz alta, com a televisão ligada em um canal qualquer, com uma mulher que tinha uma voz irritantemente fina falava sobre o quanto era legal o programa que ela participava. Me percebi mais sozinha do que nunca, e isso deixou tudo pior. Eu não me vi com amigos, nem mesmo com minha família ou com meu cachorro, eu me via apenas comigo mesmo e não sabia como lidar com isso. 
Então cheguei na conclusão de que eu não preciso entrar nesse sentimento de solidão e necessariamente estar triste comigo, pelo contrário: eu me via totalmente sozinho e percebia o quanto eu precisava disso. Mal lembrava do que eu era com meus amigos, no bar, no trabalho; esse eu eu não conseguia reconhecer. Estivera sempre aqui, oprimido? Ou apenas tinha medo de se mostrar mais, se colocando no mundo com todas as máscaras possíveis? É difícil dizer, mas sei que senti uma paz muito grande, que me fez chorar por horas. o que é difícil pra mim, porque tenho uma trava pra choro. Eu lavei minha alma em dois dias, e me senti bem em reconhecer-me em mim mesmo.
As vezes a gente não precisa resolver essa coisa de solidão.

A falta que a falta - não - faz

Olá, pessoa adorável. Estive em um grande dilema esses dias, o que me fez pensar muito em faltas, perdas, ganhos e felicidade genuína. Até escrevi um pouco no meu Tumblr sobre esses temas, mas a grande inspiração foi esse vídeo da Jout Jout. Eu sei, é "antigo", mas é muito atual dentro da minha situação. A falta pode ser tão boa... talvez até melhor que se sentir completo.
Foto: Gris (the game)

Estive em uma situação complicada: conheci alguém que me deixou meio aérea, meio feliz demais para ser verdade. Eu muita das vezes me sinto insuficiente, mas dessa vez eu achei que me encaixaria: era uma pessoa que fazia o "meu tipo", uma personalidade que me chamou atenção, além de ter olhinhos encantadores. De qualquer forma, como a grande precavida que sou, marquei um encontro após uma semana conversando (porque aí se essa pessoa quiser cancelar ou desistir de falar comigo ou vice versa, bem, nenhum de nós gastamos dinheiro com o Uber hahaha). Enquanto essa semana passava, ela me dava sinais de interesse real e eu, como uma pessoa muito emocionada, fui entrando nessa onda. Saímos e eu fui totalmente diferente do que eu sou: constantemente me fecho para pessoas, totalmente introspectiva, nesse encontro eu falei por mim, pela pessoa e por todo o bar. Claro, depois que isso aconteceu a pessoa meio que distanciou-se de mim (uma pessoa tímida como ela era geralmente faz isso mesmo). Então entrei numa bad por dor de cotovelo absurda. Minhas bads sempre são esclarecedoras para mim, porque eu consigo ver de longe a situação de cada acontecimento. Posso dizer que meu carnaval foi longo por esse motivo.

Ao longo desse pensamento eu me senti totalmente vazia, e então caí nesse vídeo. Para quem não conhece, a Jout Jout conta a história de um livro infantil totalmente psicológico, no qual faz metáforas com nosso vazio existencial (vale muito a pena ver e rever o vídeo). Dentro do meu vazio eu me afirmei como incompleta, que talvez não encontraria essa grande parte que falta em mim, mas então pensei: "será que quero, ou ao menos consigo, encontrar essa metade que falta? Afinal, quem é que me diz sobre ser completo (além de Deus, que nem homem é e não poderia ser)?", e acabei entrando mais profundo nesse grande impasse filosófico e existencial no meio do carnaval. Felizmente, eu percebi que não dá para ser humano e ser completo, ou seja, não dá para ser racional, lógico, analítico, emocional, caótico e ser completo ao mesmo tempo, e talvez seja isso que nos faz feliz. Me diga quem já foi 100% feliz? Nem que seja por 1 segundo sequer? Não tem jeito gente... Somos infelizes e sempre vai nos faltar algo, nem que seja uma pequena pecinha.

Mas, ei, eu disse que "felizmente percebi que não dá para ser humano e completo", certo? É agora que vem a grande sacada do livro infantil que a Jout Jout apresenta em seu vídeo: já percebeu que, quando estamos mais tristinhos, sempre acaba acontecendo algo bom com a gente? Estou falando de pequenas coisas também, como apreciar coisas que jamais parou para apreciar, alguém te indicar uma série que você se apaixona pela história, um beijo e carinho de pai, mãe, avó ou qualquer outra pessoa amável, os seus amigos te chamam para sair e te ver feliz... Não importa o quanto estamos incompletos, isso só é importante para te fazer seguir em frente, afinal, é a única coisa que você pode fazer. A grande sacada é perceber o quanto somos felizes nessa trajetória, quanta sorte temos de nos rodearmos de pessoas que te apoiam e ajudam a melhorar o seu dia, ter o prazer de apreciar a natureza, a oportunidade de comprar aquele livro, aquele celular, aquela passagem de avião e ir para o lugar que você sempre quis ir. Passar na universidade ou mesmo formar-se, conseguir um emprego na sua área... é a melhor coisa que você pode fazer, mesmo não se sentindo completo da forma que você gostaria, mas a gratidão pela felicidade que encontrou no seu caminho. Não é se contentar com o que tem, é agradecer pelo que foi dado a ti. Isso faz diferença, viu?

Enfim, depois dessa grande conclusão, eu aprendi que sim, eu sou incompleta e que sim, eu sou feliz. Tenho coisas grandes para conquistar e espero encontrar a felicidade genuína um dia e voltar neste site afirmando que estive errada sobre esse texto, mas por enquanto, eu vou conseguindo tudo que posso e agradecendo pela bela paisagem que me foi proporcionada. E você? Já agradeceu hoje?

Beijos, até.